sábado, 27 de março de 2010

Manual prático do amor moderno



Começou na segunda, e até sexta será a coisa mais intensa já vivida por mim. Prometerei amor eterno, e direi que você é o chão que me faltava, mesmo não sabendo nem mesmo o nome da sua mãe, ou se tem irmãos. Direi que agradeço a Deus toda noite por você ter aparecido na minha vida, mesmo que só por uma semana. Te amarei pra sempre -ou até amanhã. Uma semana é uma eternidade, portanto se segunda feira, aparecer um beijo mais viável, ou alguma jura de amor mais profunda que as suas, sentirei muito, ou talvez não sentirei nada. Por via das dúvidas, apague aqueles depoimentos, por que na próxima semana eu vou escrever alguns pra ele, que vão ser baseados nos que eu fiz pra ti, assim como os seus foram baseados naqueles do cara da semana retrasada e assim consecutivamente. Você foi a pessoa que mais me fez feliz na minha vida! mas enfim, tomara que o da semana que vem faça também.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Eu não sou suficiente.



Não sou a mais bonita, não sou a mais legal, mais simpática, mais rica, com mais contatos, eu simplesmente não sou suficiente. Não me sinto grande, não sinto que faço alguma diferença e definitivamente nunca fiz coisas importantes. Nunca fiz alguém chorar de verdade, todas as lágrimas eram de mentira. Até onde vivi uma mentira? Até quando vou escutar passos que não deveriam ser ouvidos?

Eu não sei dizer palavras bonitas, nem sei como fazer bem a alguém, talvez saiba fazer mal, mas se fiz mal foi de mentira como todas as outras coisas que não existiram. Se sorriu foi por educação. Se piscou foi cisco. Se deixou de amar, nunca amou. Aquela música nunca foi minha, os meus dias nunca foram como eu narrei. São invenções de uma mente insuficiente. Insuficiência de tudo, insuficiente de mim. Os passos ecoam, tapo os ouvidos, mas eles ainda estão aqui.

Se eu disse não era pra dizer. Se calei a boca era pra gritar. Falo demais, falo demais, nunca o suficiente, não sou suficiente. Não sou. Não sou. Pare de mentir, as malas estão sempre feitas, mesmo quando não se quer partir. O pior é ir aos poucos, o pior é ir indo, alternadamente. Mutilação diária. Eu ouço passos, eu ouço passos.

Eu não sou desse jeito que vê. Eu sou uma mentira, uma mentira mal-contada. Não sei mentir, não mais. Não tem mais brilho nos olhos, onde eles estão? Cadê? Não tenho olhos verdes e o monstro me persegue. Adivinha que não é o que eu quero, adivinha. Não fui esculpida. Não fui lapidada. Não sou arte. Nem rascunho. Sou página e ponto. Vermelho.

Insuficiente pra você.
Quem quer escutar o que não se quer ouvir?

domingo, 21 de março de 2010

Esquecer e perdoar...



'' Esquecer e perdoar. É isso que dizem por aí. É um bom conselho, mas não muito prático. Quando alguém nos machuca, queremos machucá-los de volta. Quando alguém erra conosco, queremos estar certos. Sem perdão, antigos placares nunca empatam, velhas feridas nunca fecham. E o máximo que podemos esperar é que um dia tenhamos a sorte de esquecer '' (Grey's anatomy)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Refazer...




“Recomece. Renovar, re-existir. Crie, recrie-se, transforme o seu mundo em qualquer outro mundo. Coloque tudo no lugar, retire tudo do lugar. Arrisque, mude, exagere, dance, reviva. Você pode, nunca é tarde, vai lá, vai lá! Deixa esse passado pra trás, corra pelo seu futuro, vai! Adiante-se, você é capaz.

Re- recomece.


Ou não.


Deixe tudo como está, porque está bom, talvez não seja exatamente o que você quer, mas é assim, temporariamente imutável, seguro e é como vai ser. Assim: perfeitamente alinhado, desse jeito está e desse jeito vai ficar. Fique, deixe. Deixe tudo como está. É certo, já está assim, pra quê mexer?”


E agora?


Estava lá ouvindo as suas vozes interiores – e nossa, como elas falam! Repetiam alternadamente as duas opções que todo ser humano têm em qualquer época de suas vidas: manter ou mudar. Não, ninguém poderia escolher, opinar, mandar ou desmandar, porque a vida era dela e dela ela deveria cuidar. É responsabilidade que não se pode desviar de si, é seu, nasceu contigo, é dono do seu caminho e suas escolhas podem mudar toda uma jornada. Com um passo errado muda-se uma história, com um passo certo se constrói uma história. A questão é: como escolher esses passos? Não soube responder.


Batia o indicador na mesa impacientemente, suas vozes exigiam uma resposta que não tinha no momento e discutiam entre si. Era quase uma competição de qual voz iria escutar. Vaidade de vozes? Que loucura... Estaria enlouquecendo? Talvez, mas o talvez era tão incerto para uma certeza que precisava ter. Confusão de pensamentos, estalos de idéias, a incerteza da loucura e o indicador batendo na mesa. Parou, respirou fundo, saiu do mundo, caminhou até a janela, o vento.


Fechou os olhos e a sua respiração estava mais tranqüila com aquele carinho de Deus no rosto, os cabelos se permitindo embaraçar sendo levados pelo mais abstrato das sensações. O sentir e não ver. O acalanto da alma, pois tudo o que vem, vem no momento certo. Abriu os olhos e dali mesmo descobriu o mistério. A resposta estava exatamente nesse delicado gesto.


Abra os olhos e logo verá que só há três opções: o chão, o horizonte, o céu.

Onde desejas chegar?

domingo, 14 de março de 2010

Liberdade




Chegou em casa, jogou as chaves na mesa de centro, despiu-se e tomou um longo banho. Dormiu como um anjo, com a naturalidade de uma pecadora. Sorriu, nunca fora tão respeitada, nunca se respeitou tanto.

sábado, 13 de março de 2010

Última carta



Querido Alguém,

Esta é a última carta que escrevo a ti, uma carta cheia de lágrimas e sentimento. Se pudesse escolher não a escreveria, mas não posso. Decidiu-se. Por si só.

O destino pregou a peça da dor em mim e dói. E muito. O meu mundo veio por água abaixo e não quero admitir, mas o destino é coisa tão complicada que não adianta muito tentar entender. Pensei que eu te magoaria, com todas as minhas indecisões e devaneios, mas foi você que me magoou inúmeras vezes. Foi a mim que machucou a facadas, como se eu realmente nunca tivesse existido em mim. Sabe o quão paradoxo é isso?

Criou paradoxos em minha vida, criou o sentimento mais lindo do mundo, criou a dor mais mortal de todas, criou o nó na garganta, o passo apertado... Tu ainda és o artesão dos meus dias, pois ainda incide total presença neles dentro de mim. Você nunca me amou, fato; e eu me deixei cair em seus braços como criança que começa a andar, o que se faz verdade. Você me ensinou a andar pelos seus caminhos, pena que me fez voltar.

Nunca me amou, pois me descartou sem tentar, porque me deixou ir embora, porque existe alívio em seu coração. Saber que a minha falta te alivia me consome, não tens noção do que arrancou de mim. Meus sorrisos não são mais sinceros, minha vivacidade se tornou fosca, meu olhar não anda mais o mesmo e por quê? Por um destruidor. Fui destruída covardemente afundada em sonhos que nunca serão concretizados. Tentei.

Tentei ser o melhor por nós dois, tentei te fazer feliz, que nunca pudesse me esquecer e hoje estou morta pra ti. Estou morta pra mim também, o mundo mais belo existente virou pó, virou foto na carteira, virou música. Ouço a sua voz e choro, sem medo de admitir, porque ainda sinto. Sinto o amor que tenho por você escorrer pelos meus olhos todos os dias desde então.

Disseram que vai passar que vai virar coisa bela, que vou voltar a sorrir e vou sim, uma hora vou voltar a sorrir, mas não agora. Agora por onde passo lembro de ti e não sei de onde sinto seu cheiro. Isso sangra lentamente e a saudade corrói o que resta e já não resta muita coisa.

Eu amo você e isto não mudará, tudo que passamos juntos foi lindo e nessa beleza nos perdemos e não nos encontramos mais. A tristeza que fica é de dias tão belos que não voltarão. E nem eu voltarei, não mais, não sempre, não sua.

Quero lhe parabenizar por ter me destruído, logo a mim tão confiante. Ficarás marcado como meu destruidor, quem contornou a muralha que existia dentro de mim e hoje ela se reergue novamente involuntariamente.


Da sua e pra sempre sua,

Ninguém.

Veio sem querer. Do nada deu vontade de chorar, eu temi. Temi a mim mesma e toda aquela solidão que me corroia. Eu senti um frio na espinha, minhas mãos ficaram quentes e tudo o que eu queria era que passasse. Que tudo fosse deixado de lado. Não é pra pensar em infelicidade nessa hora, mas não dá. Não dá.

Não dá pra ignorar a solidão, há anos que eu não me escuto. E hoje, quando eu parei, vi que nada me restava a não ser montes de pedaços de mim. Não me pergunte quem sou. Por favor. Por favor. Por favor.

Sinto que vou estourar, explodir como um balão, porque estou sozinha. Sou eu e eu mesma e eu não gosto de mim. Não gosto do que me tornei ou de como as coisas andam aqui por dentro. Eu juro que eu quero chorar, mas não sai uma lágrima. Nenhuma.

A solidão é cruel, necessária, mas sua crueldade é maior que a sua necessidade.

Eu me odeio. A solidão que disse.

O que eu faço com os pedaços de mim?

- e a Colombina chora, em pleno Carnaval. Sem Pierrot ou Arlequim. Chegou a sua vez.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Pra fazer as pases...



Não exija nada de mim. Não peça considerações, afeto, amizade. Não sou assim. Não sei lidar com certas situações. Vai, você sabe do que estou falando. Eu não me esforcei com você. Eu simplesmente sou assim. É, ficar com você não era ruim. Sentir sua falta era apavorante. Corrigir seus erros de português era corriqueiro. Várias coisas nesse tempo, foram muito natural. Só o fato de que tudo aconteceu de uma maneira rápida e devastadora. Me arrependo. Sim, essa é a única palavra que descreve tudo agora. Arrependimento. Não, não estou cuspindo no prato que comi. Mas preferia continuar sendo a menina que não te conhecia, que não dava Oi na academia, mas que você conhecia desde sempre. Preferia você sem o vínculo que criamos. Preferia você de qualquer maneira, desde que eu não tivesse reparado em você. Não me peça sorrisos e agrados. Educação. Maturidade. Você só terá tudo aquilo que fui com você novamente, quando eu não me importar mais. Quando você não fizer mais diferença nenhuma. Quando eu tiver aquela impressão de que você só foi mais um. Aí sim, os sorrisos farão parte. Os cumprimentos surgirão por educação. E a minha indiferença será aquela de antes. A minha educação vai voltar, mas somente quando eu conseguir olhar pra você e não sentir mais nada. E eu sinto muito, mas isso não tem conserto.