sábado, 26 de junho de 2010



O tempo se apossou do que havia. Foi quando pude te explicar que as minhas expectativas não eram exigências. Já que fomos tão inábeis para o amor, restou enfim, essa ternura encabulada e nossas conversas pela madrugada numa hora em que a saudade nos constrói as frases com todos os adjetivos mais suaves para não espantar o sono. E a consciência de que não há mais tempo para usufruir o que não foi aproveitado a tempo. Por isso choramos apenas por dentro sem deixar que nossa voz denuncie nosso olhar raso de esperas intactas. Por isso tanta doçura nas palavras pra não ferir ainda mais essa melodia frágil e cheia de melancolia. E essa tentativa de que o abraço, apenas escrito, tenha outras formas de tocar. Porque queríamos a mesma coisa, exatamente o que nos faltava e que não soubemos porque não tínhamos para dar. Seguimos, ainda assim, unidos não por sentirmos o mesmo amor, mas por compartilharmos aquela mesma solidão.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Abraço noturno



Você me deu o melhor abraço noturno que alguém já me deu e depois deixou meus braços órfãos. Você me fez ler um escritor que eu não estava a fim para que eu entendesse a sua filosofia de vida. Fez-me tomar uma garrafa inteira de vinho sozinha com seu atraso e me encontrou de pilequinho só pra rir um pouco dos meus desvarios. E me fez querer que fosse sábado no domingo... Você tentou me convencer que estava tudo bem entre nós quando meu coração estava intranqüilo. Você me deixou sozinha e ainda estava ao meu lado. Visitou a minha casa, preencheu o lado esquerdo da minha cama e foi embora em algum momento sem se despedir... Porque você me fez escutar a mesma música sozinha trilhões de vezes porque a melodia trazia um jeito seu pra perto. Porque você me roubou a solidão e não me fez companhia... Porque eu ainda gostaria de você ? Porque quando uma pessoa vai embora, nem sempre o que se sente por ela vai junto...