domingo, 14 de agosto de 2011


E aí eu engravidei. Pari, assim, ao Deus dará. Fujo do espelho pois ele insiste em mostrar um reflexo medíocre de mim. Meu cabelo está caindo, minha bunda está murcha, minha barriga está enorme, minhas cutículas estão horríveis, meus seios estão caídos e cheios de estrias. Não tenho roupas que sirvam, mas ainda assim, as únicas que compro são de crianças. Não tenho dinheiro pra mim, pois a fralda sempre acaba antes da hora marcada no salão. Essa sou eu agora: gorda, flácida, endividada, carente, cansada. Ainda estou procurando o tal glamour de uma gravidez...
Joguei minha liberdade, minha juventude, minha vida no lixo...
E o que sobra pra mim? Um criança chorando no meio da madrugada, me fazendo adivinhar se ela tem fome ou cólicas. Fraldas cagadas e leite vomitado nas minhas roupas (as poucas que me restam). Coluna lascada por carregar uma barriga enorme e agora ter que ficar noites em claro cantando pra um bebê que acorda cada vez que eu ponho no berço.
E pra quê? Pra um bando de fodidos surgirem das profundezas do inferno pra me atormentar... Eu banco a festa inteira, pra outros curtirem...
Eu devo ser uma pessoa mesmo terrível... As mães corujas de plantão que me perdoem, mas eu não posso mais bancar a super-mãe só porque é politicamente correto... Não me sinto mãe. Na verdade, não me sinto nada...
Ontem à noite tentei me matar. Tentei. Mas covarde que sou, me convenci da minha insignificância e fui dormir.