sábado, 4 de julho de 2009

Esses olhos...



Havia algo naqueles olhos. Eu não sabia bem o quê, mas definitivamente havia algo. Tinha um quê de mistério, uma gotinha de segredo, um ar enigmático. Aqueles olhos me prendiam de tal forma, que o mundo racional parecia sumir. Eu acabava buscando aqueles olhos como se fosse meu ar. Era tão inexplicável, tão incompreensível, tão incrível...
Poucas vezes seus olhos se voltavam para mim, mas quando isso acontecia, seu olhar era arrebatador. Levava consigo o pouco de razão que eu tinha na reserva.
Foi numa tarde quente de fevereiro, lembro muito bem. Foi quando vi aqueles olhos pela primeira vez. Naquele dia em especial, tinham um brilho delirante. Naquele momento eu soube: estava perdidamente hipnotizada por aquele olhar.
E num milésimo de segundo ele entrou, foi até o fundo da sala de aula, sentou e ali permaneceu. Talvez nem tivesse percebido sua presença se não fosse por seus olhos. Ah! Aqueles olhos!
Voltei aos 13 anos de idade, buscando um espelho na bolsa para, secretamente, admirá-lo enquanto fingia passar um gloss...
E se de repente ele olhasse para mim? E se ele me visse olhando pra ele? E se alguém mais percebesse? Eu tremia. Subitamente o espelho caiu da minha mão, que imbecil (!), sete anos de azar...